E não é só isso: com ajuda do teclado ainda é possível brincar de astro do baseball. Arremessar ou rebater umas bolinhas. “Parece que estou jogando baseball, mas é mais tranqüilo”, diz um garoto.
A tecnologia que tornou isso possível se chama realidade aumentada. O princípio é simples: a câmera reconhece códigos impressos nas figurinhas. E cada código aciona um programa que cria os personagens.
O francês Bruno Uzzan nos mostra o livro do futuro. Ele parece bem simplório, mas quando colocado em frente a câmera do computador...
“Isso é um esboço que só fica completo em frente a câmera. É mais uma forma de combinarmos algo real e o virtual, para interagir”, explica Bruno Uzzan, CEO da Total Immersion.
Decidi experimentar. Bruno me dá um papel com uma paisagem desenhada. Em poucos segundos, tudo aquilo se transforma.
Nos Estados Unidos estão começando a aparecer os primeiros anúncios de carros impressos em realidade aumentada. Assim dá para ver o espaço interno, girar e até trocar a cor.
“É verdade que a realidade aumentada ainda é muito nova. Um nicho de mercado. Mas ocorreram muitas evoluções nos últimos anos e meses”, diz Uzzan.
E foi na Universidade de Columbia, em Nova York, que boa parte dessa história começou.
E também é nela que o futuro dela está sendo escrito. Steven Feiner, um dos pioneiros em pesquisa de realidade aumentada, trabalha num novo projeto: acoplar uma webcam a um óculos.
Isso eliminaria o uso do computador. Tudo que uma pessoa enxergar em realidade aumentada será projetado na lente dos óculos. “Eu acho que no futuro nós poderemos ter óculos muito mais parecidos com óculos comuns”, diz Feiner.
E o que esses óculos vão mostrar? Depende da criatividade dos pesquisadores. Uma idéia é instalar um GPS para o motorista enxergar as informações que hoje nós temos na tela de um navegador que rodam nos Estados Unidos ou aí no Brasil.
'Siga em frente', 'vire a direita'... Isso bem pode acontecer no futuro, mas ninguém precisa esperar para ter surpresas como essa. No mundo dos negócios, tanto nos EUA, como aqui a realidade aumentada é uma arma poderosa.
Eventos musicais, lançamentos de imóveis... "Ela vai conseguir ver o prédio mais de perto, exatamente o empreendimento, ver o que tem, se tem piscina, qual o tamanho do estacionamento”, comenta Rogério Gonçalves, diretor de atendimento da Soluttia.
Mais do que vender prédios, para Gonzalo Martinez, a realidade aumentada pode revolucionar a forma de projetá-los. E como uma evolução leva a outra, mouse e teclado podem estar com os dias contados!
"Eu não posso imaginar como mover todos esses prédios ou todas as estruturas desse modo com um teclado ou interagir com um mouse se eu posso fazer isso com as mãos!", diz Gonzalo Martinez, diretor de pesquisa da Autodesk.
A realidade aumentada já saiu dos laboratórios, é sentida na pele dos pacientes. Essa aplicação da realidade aumentada foi desenvolvida por um físico americano meio por acaso.
Ele tentava encontrar uma forma de usar raios infravermelhos para ajudar deficientes visuais a enxergar. Fez um protótipo e no meio das experiências, passou a mão acidentalmente pelo feixe de luz. Percebeu que as veias ficaram projetadas sobre a pele. O próximo passo foi conversar com médicos para descobrir como isso poderia ser usado.
"Inicialmente, os médicos pensaram: isso aí vai ajudar a gente a fazer coleta de sangue. Principalmente de pacientes idosos, pacientes obesos e crianças, onde é mais difícil a visualização das veias", conta Rodrigo Kikuchi, médico.
Coube a uma equipe de brasileiros adaptar o equipamento a um tratamento bem comum, o de varizes.
A imagem é perfeita. As veias, antes invisíveis, parecem estar à flor da pele. Se alguma estiver dilatada, basta aplicar o laser. Cura sem nenhum corte.
“Antes muitos desses procedimentos necessitavam de cirurgia. A gente precisava encaminhar o paciente a um procedimento cirúrgico que acabava incapacitando ou limitando o seu modo de vida”, comenta Kikuchi.
O diagnóstico começa com uma série de lâmpadas que disparam raios infravermelhos. Eles atravessam a pele, encontram as veias e uma câmera especial registra o reflexo.
As informações vão para um computador, na base do equipamento. Em fração de segundos, ele cria uma animação que reproduz exatamente a posição das veias e projeta essa nova imagem sobre a pele.
"Quando eu faço um movimento com o dedo, eu tô comprimindo antes e depois da veia e quando eu solto a gente vê o sangue preencher essa veia, mostrando que é uma imagem real.", explica o médico.
O tratamento dói no bolso, mas o corpo não sente nada. E isso é bom, na opinião de Ângela, que escapou de uma operação dolorosa graças à realidade aumentada.
Ela não faz ideia do que isso, mas já fala bem da tecnologia.
"Pra mim bastou. Falou, eu vim. Tá feito, sem nenhum corte. Eu acho excelente. Pra mim foi sensacional”, declara Angela Vannini, estilista.